sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Texto sobre o quadro Lutador de Egon Schiele

Hoje eu sou o diabo, acolho em minha pele todas as sombras do mundo.
Diferente do primeiro Portador da Luz, não produzo sombras, sou apenas o anteparo onde elas podem descansar. A cada nova sombra que surge, estico um pouco mais minha alma e pele, pois todas têm direito à morada.
Porém essas sombras não são estáticas, a cada movimento que faço, elas ganham vida como fotos em tela de cinema.
Talvez por isso eu me contorça tanto, para dar vida, vida às imagens.
De cada movimento meu surgem novas composições e histórias dessas tatuagens.
Quem olha para a minha pele, vê apenas o que se permite ver daquele ângulo, naquela hora, naquele movimento.
Por isso, cada um que tentar me ver terá uma percepção única e incompleta de meu ser.
Ocorre o mesmo quando me olho no espelho.
Já fui anjo, mãe e muitas coisas. Hoje sou apenas o diabo.



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