segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Viva o aprofundamento

Nestes tempos de alto consumo de roupas, comidas, bebidas, eletrônicos e etc..., somou-se um consumo mais que pode parecer à princípio positivo, mas que a médio prazo, traz efeitos colaterais importantes. É o consumo da informação.
Embora a informação seja extremamente bem vinda, estratégica e importante, ocorreu que nos últimos tempos em virtude da quantidade e da massificação, essa informação passou a ser extremamente superficial.
Da mesma forma que foram desenvolvidos os fast-foods para resolver o problema da falta de tempo para comer, foram desenvolvidas as fast-informations.
Como sua prima gastronômica, onde as pessoas comem sem apreciar sabores ou atentar para suas reações corporais, as fast informations entram em nosso corpo/mente de maneira rápida, contundente e superficial não permitindo que nossos neurônios metabolizem as informações, não há tempo para o pensar nem linkar com outras informações igualmente perdidas dentro de nós.
O resultado é um caos interno onde muito se sabe, mas pouco se pode aplicar. Ficamos com muito conteúdo praticamente inútil, já que não se comunica com outras esferas e gera uma incapacidade de criar, refletir, sentir, contemplar e agir.
Na contra mão das fast-informations temos as artes, que para alguns podem soar chatas e ultrapassadas, mas que na verdade quando vistas com o tempo e abertura que merece, nos transportam para um mundo interno/externo, permitindo experienciar e viver o momento presente agregando valor e prazer interno.
Defendo pois a transmissão das informações técnicas, cultura e educação de forma mais lenta e que possa conduzir o espectador a uma discussão interna e que após a leitura o conteúdo possa acompanhá-lo por horas, dias ou até anos.
É preciso contemplar, mastigar muitas vezes a cor de um quadro, respirar com ele, ver a direção das pinceladas, sentir sua concepção. Apoderar-se e deixar-se apoderar pelo quadro. Assim deve ser também com a música, a escultura, o cinema a fotografia e toda obra que seja uma manifestação artística.
Na verdade esse processo deveria ser reproduzido em tudo, relações, trabalho, meditação e com o próprio corpo. Estar atento a isso deve se tornar uma prática diária.
Alguns vilões que ameaçam esse processo: ignorancia, preguiça e falta de tempo e de sensibilidade!
Viva o aprofundamento!!!

Um comentário:

  1. Roger... Muito bom!
    Eu iria mais além: qualquer processo de aprendizagem requer que a informação seja tratada com arte, além de técnica. Toda obra humana deveria ser uma manifestação artística. Se não há arte, o homem pode ser retirado e substituído por máquinas.

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